segunda-feira, 27 de junho de 2016

CAFE Bandido ou mocinho?

Quando se afirma que o café é a bebida mais popular em território verde-amarelo, acredite, não é mera força de expressão. Na última Pesquisa de Orçamentos Familiares divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi constatado que o brasileiro toma de 4 a 5 xícaras todos os dias, o que leva o líquido à base do fruto do cafeeiro a liderar a lista que avalia a média de consumo per capita de vários alimentos. No resto do mundo, o consumo também surpreende. Enquanto aqui cada pessoa ingere cerca de 6 quilos do grão por ano, em países nórdicos, como Finlândia, Noruega e Dinamarca, esse número chega aos 13 quilos anuais.

Ao longo da História, a bebida chegou a ser vista quase como um elixir, capaz de resolver problemas que iam de impotência sexual a sarampo, mas com o tempo foi ganhando a fama de fazer mal à saúde, principalmente após a descoberta da cafeína, associada a úlceras e doenças cardíacas.

Quem acompanha o noticiário de saúde já deve ter notado que, frequentemente, aparece uma matéria que aponta os malefícios e/ou benefícios do café. De um mês para o outro, a bebida passa de causadora de uma doença para agente preventivo de outra. Afinal, café faz mal ou bem para a saúde?

Desvendando o café

A cafeína é apenas uma entre as mil e tantas substâncias presentes no café. Também entram em sua composição sais minerais (ferro, sódio, zinco, cobre e magnésio, entre outros), vitaminas do complexo B, aminoácidos (cisteína, tirosina, valina), lipídios (ácidos graxos livres e triglicerídeos) e açúcares (sucrose, glicose, frutose). Sua grande riqueza, porém, está mesmo nos ácidos clorogênicos – substâncias antioxidantes que combatem o envelhecimento das células, e ainda possuem potencial ação antibacteriana, antiviral e anti-hipertensiva.

Bandido ou mocinho?

O café pode causar efeitos desagradáveis quando consumido em excesso. Entre as conseqüências da "overdose" de café, está taquicardia, agravamento das lesões no aparelho digestivo (aftas, gastrite), piora dos sintomas das doenças intestinais, como os da doença de Crohn (constipação, disenteria e aparecimento de pólipos), resistência ao efeito de anestésicos que possuem a cafeína em sua formulação e, o mais comum, a dificuldade para dormir. Outro incômodo freqüente é o escurecimento dos dentes, devido aos pigmentos presentes no café, semelhantes ao verificado em pessoas que fumam e apresentam os dentes amarelados pela pigmentação produzida pela nicotina do cigarro. A cafeína é também um grande indutor da osteoporose, que causa a perda significativa de cálcio nos ossos. Esses efeitos variam de pessoa para pessoa, conforme o organismo de cada um reage às substâncias encontradas na bebida de café em infusão.
Estudos recentes, entretanto, têm minimizado o efeito nocivo da substância e destacado o lado bom da bebida. As pesquisas sugerem que o café, quando consumido em doses moderadas, pode ser benéfico contra as mais variadas doenças, como mal de Parkinson, diabetes, derrame, pedra nos rins e até mesmo câncer ou AIDS. Investigações mais avançadas relacionam o consumo de café a menores taxas de depressão, alcoolismo e suicídio.

Expectativa de vida
Uma investigação do Instituto Nacional do Câncer, nos Estados Unidos, mostra que beber de 3 a 4 xícaras faz você viver mais — o ganho na expectativa de vida é de 10% para homens e 13% para mulheres. O resultado não surpreende. Afinal, o café é uma das maiores fontes de antioxidantes na dieta.

Pesquisas recentes
Um estudo divulgado no começo deste ano pela Faculdade de Medicina Jikei, em Tóquio, sugere que o consumo regular de café previne contra as doenças do coração. Os pesquisadores japoneses já andam aclamando o café como o "próximo vinho vermelho", em referência aos polifenóis da bebida de Baco, reconhecidamente benéficos para as artérias. Segundo os cientistas, os principais ácidos fenólicos do café, o cafeico e o ferúlico, auxiliam o retorno do colesterol para o fígado. Isso aumenta o nível de HDL, o chamado bom colesterol. O experimento foi feito com voluntários saudáveis, que tiveram amostras de sangue analisadas antes do consumo de café ou de água e 30 minutos depois, em um estudo cruzado. 

O café também está associado a um menor risco de desenvolver a doença de Alzheimer. A investigação mais recente, que vem da Universidade do Sul da Flórida, nos EUA, foi feita com ratos idosos. Os cientistas davam aos ratinhos o equivalente a 5 xícaras de café por dia, durante dois meses. Após esse período, os bichos apresentaram redução de quase 50% nos níveis da proteína beta-amiloide - em grande quantidade, essas proteínas se depositam ao redor e no interior dos neurônios, provocando perda significativa da memória. "Até agora, as pesquisas se limitaram a medir a quantidade dos marcadores da doença, caso da proteína beta-amiloide", disse Gary Arendash, líder do trabalho. 

Se você toma muito café e está decidido a diminuir, atenção...

Quando retiram abruptamente a cafeína da rotina alimentar, muitas pessoas sentem fortes dores de cabeça, logo pela manhã, esta dor é chamada de sintoma sentinela, e ocorre quando há uma queda no nível dessa substância na corrente sanguínea. Outros sintomas dessa abstinência seriam náuseas, vômitos e diminuição da concentração.

Moderação é a palavra, como sempre!

Para desfrutar da bebida com prazer e sem ter complicações, o ideal é não ultrapassar o limite de 150 ml a 200 ml de café ao dia, distribuídos em três porções, dando um espaço de tempo de ao menos uma hora entre uma tomada e outra. Além disso, pessoas com problemas de sono devem tomar a última dose até as 17h, pois a cafeína pode não interferir no tempo de sono, mas, pode atrapalhar sua qualidade.

DICAS DE PREPARAÇÃO DE CAFÉ

- Prepare somente a quantidade de bebida que vai ser consumida imediatamente ou, no máximo, durante a hora seguinte. 
- Se for utilizar coador de pano, este deve ser lavado somente com água, jamais com detergentes, alvejantes ou mesmo com café que sobrou. 
- Vale lembrar que o coador de pano, quando utilizado pela primeira vez deve ser fervido com a bebida café e deixado de molho por aproximadamente 3 horas, para que o passe para o café o gosto do pano.
- Filtro de papel deve ter o mesmo tamanho e forma do porta-filtro. Coloque o pó no filtro, espalhando-o uniformemente. Não compacte, nem aperte a camada de café. 
- Para um café bem quente, escalde o bule ou garrafa térmica pouco antes de fazer o café.
- A água utilizada deve ser pura e limpa, preferencialmente filtrada ou mineral. 

O tempo de contato entre água e café deve ser:

Para montagem fina: até 4 minutos
Para montagem média: de 4 a 6 minutos
Para montagem grossa: de 6 a 9 minutos

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